20 de abril de 2013

Múcio Niemayer

Múcio Niemayer Feitosa é artista plástico, músico, professor de História e Arte-educador.

Seu contato com a arte é desde criança, sempre estimulado por familiares. Mas foi na adolescência, influenciado pelo artista plástico, geógrafo, técnico em engenharia-arquitetônica e professor Antônio Jorge Maia, que ele deu início ao desenvolvimento de pinturas em telas, expondo pela primeira vez na Galeria Álvaro Santos, em Aracaju por indicação de seu mestre. A partir daí, pintou vários quadros por encomenda.

Compôs pela primeira vez em 1996 a música Menino Rei. Em 1999 ingressou na Faculdade de Formação de Professores de Penedo (FFPP). Nela, conheceu Wendel Mota, seu parceiro de idealizações e de composições. Em agosto de 2001, por meio da Secretaria de Educação, na gestão do ex-prefeito Eraldo Cavalcante Silva, gravou o cd O meu por quê. Nele, músicas como Menino Rei, Opara, Caminhos e outras foram em compostas em parceria com Wendel.

Em 1988 torna-se docente na Escola de 1º e 2º Graus Centro Educacional Professor Ernani Figueiredo Magalhães e o final de 1999 servidor efetivo do município de Porto Real do Colégio na área docente. Entre 2002 e 2003 leciona Artes na Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco, em Propriá - Sergipe. Em 2006 torna-se professor da rede estadual na escola D. Santa Bulhões. Torna-se, no mesmo ano, Diretor escolar dessa mesma instituição e conclui em 2007 sua especialização em Arte-educação pela Faculdade São Luís de França, em Aracaju – Sergipe.

Nos anos de 2005 a 2008 foi Diretor da Casa de Cultura do município de Porto Real do Colégio – Alagoas.
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19 de março de 2013

O porto real

Seu território, às margens do Opara, como era chamdo o São Francisco, abrigava várias tribos indígenas: Cariris, Carapotás, Aconãs e Tupinambás, todas vivendo da caça e da pesca. Os bandeirantes, em busca de escravos, desarticularam a antiga vida tribal com sua cobiça. Os jesuítas vieram em seguida com o objetivo de catequizar os nativos e agrupá-los em uma aldeia central, por intermédio de um colégio onde ensinavam língua e religião. O colégio e o aldeamento ficavam próximos ao rio e de um porto à sua margem, protegidos pela coroa real portuguesa. Daí o nome.

O texto que recebeu grifo meu, procura explicar de forma suscinta como se originou o nome Porto Real do Colégio. Essa ideia é do historiador Douglas Aprato Tenório e encontra-se na Enciclopédia dos Municípios de Alagoas, publicada semanalmente pelo jornal Gazeta de Alagoas.
 
Perceba que no texto destacado as palavras Colégio, Porto e Real são os elementos que compõe o nome do atual município. Os nomes se entrelaçam ao contexto histórico vivido na época. Cada nome é um retalho que necessidade de cuidados para que a colcha tenha a sua importância.

Então, vamos conhecê-los por meio de referências. Dr. Aberlado Duarte, em seu Três Ensaios, pronucia-se assim:
O topônimo “Colégio” dado, a princípio, à povoação e, hoje, ao Município se prende, porém, evidentemente, à presença do Jesuíta e ao seu mistér de ensinar (Duarte: 1966, 170).

Para esse estudioso fica claro o porquê da inclusão do nome colégio ao da cidade. Referindo-se ainda a escola que havia no aldeamento, ela se chamava Colégio Real dos Jesuítas. Esta informação está registrada na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros publicado pelo IBGE em 1950.
Apegando-se ainda a citação destacada, sugere o autor que a expressão porto real foi acrescida ao nome da cidade porque a coroa real, isto é, o império português mantinha em suas aldeias e vilas portos administrados pelo governo imperial. Para o Drº. Douglas Apratto Tenório a realeza do nome está intimamente relacionada a um local de embarque e desembarque e a presença da realeza aos seus súditos. Neste sentido, Abelardo Duarte apresenta outra explicação quando afirma que:
“(...) os Jesuítas denominavam o Rio S. Francisco real (…) (Duarte: 1966, 171)”.

Conjuga dessa mesma ideia Ernani Otacílio Méro, em seu livro: A Evangelização em Alagoas. Nele, diz:
“Não devemos esquecer que em Alagoas não existiu um Colégio e sim uma escola anexa à Residência e que o nome de Porto Real do Colégio não se prende a uma homenagem ao rei, como alguns pensam, e sim pelo fato dos inacianos terem batisado (sic) o rio São Francisco de 'Rio Rei'”. (Méro: 1995, 27).

Há, também, a versão escolhida pela tradição para justificar tal origem. Ela se encontra registrada no livro Colégio – Palmeira de Boaventura Vieira Dantas e no livro da Drª. Vera  Lúcia Calheiros da Mata, intitulado A Semente da Terra. Segundo aquele,

“Colégio, Colégio dos Índios ou Colégio dos Jesuítas, conforme era conhecido anteriormente à excursão de D. Pedro II, o magnânimo, à cachoeira de Paulo Afonso, e a sua, dele, passagem e visita aos índios e esta hoje cidade que passou daí em diante a denominar-se P. R. do Colégio (...)”. (Dantas: 1953, 183).

Todas as colocações devem ser levadas em conta, mas adianto que as que mais fundamento há são as apresentadas pelo Drº. Abelardo Duarte e Douglas Apratto Tenório. A versão da tradição não se sustenta e tratei desse assunto neste título: A orgigem do nome.

Irei em outro momento tratar considerações sobre as opiniões dos citados doutores para que se possa haver clareza sobre a etmologia do nome.


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24 de janeiro de 2013

Escola Santa Terezinha adota Laura


O livro Laura foi submetido ao prêmio Alina Paim, categoria infanto-juvenil, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de Sergipe, Segrase/Editora Oficial e pelo Banese (Banco do Estado de Sergipe).

Por meio de Portaria da Secult, uma comissão constituída por Aglaé D`Ávila Fontes, Maria Lígia Madureira Pina e Cláudia Teresinha Stocker, profissionais renomadas e especialistas com idoneidade e capacidade reconhecidas. Elas analisaram o livro e observaram os seguintes critérios: atualidade, abrangência e adequação do tema e do conteúdo ao gênero de literatura; relevância cultural; caráter inovador da obra; adequação da linguagem de acordo com o gênero e avaliação global da qualidade da obra.
 
Após a análise, essa comissão entendeu que o livro Laura era digno de receber o Prêmio Alina Paim. A premiação ocorreu no dia sete de fevereiro de 2012 no Museu da Gente Sergipana. A respeito de Laura, assim definiu a comissão:

"Ao ler as histórias narradas neste livro, o leitor perceberá que Laura transforma palavras em pura magia e encanto. História de medo, lobisomem, caipora, almas penadas, personagens que povoam o imaginário das crianças, são contadas por Laura ao sobrinho Fernando, com riqueza de detalhes que prende a atenção do início ao fim de cada capítulo, alimentando assim a imaginação e estimulando as fantasias, pois nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos através da realidade".


O livro Laura foi adotado pela Escola Santa Terezinha em Porto Real do Colégio - Alagoas. Veja o que escreveu uma das proprietárias da escola:

“Laura”, obra da literatura infanto-juvenil, premiada nessa categoria com o prêmio Alina Paim como o melhor livro no estado de Sergipe está fazendo parte da biblioteca e do currículo da escola Santa Terezinha compondo os estudos da turma do 5º ano, no período letivo de 2013. A escolha dessa obra vem resgatar o encanto e a magia do contar e ouvir estórias, assim como estimular a leitura contribuindo para o resgate da cultura local, incentivando os jovens leitores na produção de novas estórias. 
Dessa forma, estamos valorizando o autor, escritor, poeta e pesquisador, o nosso conterrâneo colegiense Ronaldo Pereira de Lima, hoje residente no estado de Sergipe. 
Marta Maria Anselmo Nobre


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15 de dezembro de 2012

Programa Terra e Mar em Colégio

A TV Gazeta de Alagoas em 2011 exibiu em seu programa Terra e Mar, reportagem sobre a cidade de Porto Real do Colégio. Nela, foram abordados aspectos históricos e culturais desse município.

Ao se referir a chegada dos jesuítas por volta do século XVII e ao colégio construído onde hoje se encontra a casa paroquial e a prefeitura, vincula essas informações ao velho Ginásio São Francisco de propriedade da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade), construído nos anos 60 no governo do ex-prefeito Ademário Vieira Dantas.

Seguindo o relato, baseado nas informações contidas na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros do IBGE de 1950; o repórter diz que a visita de D. Pedro II em 1859 a vila foi responsável em chamar aquele vilarejo de Porto Real do Colégio.

Diante do que foi dito, as informações referente a escola se desvincula pelo próprio espaço de tempo, pois, do século dezessete ao vinte há uma diferença enorme. Quanto a origem do nome, não há nenhuma vinculação entre D. Pedro e ao mérito que querem dar ao imperador quanto ao nome da cidade. 

Sem uma observação das recentes referências do município, a reportagem  dar continuidade a discursos ideológicos e sem uma apuração mais rigorosa dos fatos.

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21 de outubro de 2012

Mundo circular Kariri-Xocó


Por Nhenety Kariri Xocó

Nós, indígenas Kariri-Xocó, do município de Porto Real do Colégio, em Alagoas, somos na realidade, um grupo de origem pluriétnica. Nossa formação vem da resistência dos Kariri, Aconã e Karapotó no século XVII, dos Tupinambá e Natu no século XVIII e dos Xocó no século XIX.

Nosso universo representa-se em forma de círculo. Nossa visão cultural é de um “Horizonte Circular”, de cor azul, com a Aldeia Kariri-Xocó no centro, a natureza ao redor e o Rio São Francisco passando pelo meio e completando o ecossistema.

Nossa aprendizagem é baseada em círculos evolutivos. Por exemplo, para ser um pescador, inicia-se a aprendizagem com a criança fazendo artefatos de pesca, construindo anzóis, redes e armadilhas. O pequeno índio torna-se assim, hábil pescador adulto, fechando o círculo da pesca. Para ser uma ceramista, a menina aprende com a mãe a arte de modelar o barro, as técnicas tradicionais de confeccionar potes e panelas e pintar os objetos. Mas a sua aprovação como ceramista é quando se torna adulta, dominando toda a arte e fechando, assim, o círculo da cerâmica. O território tradicional é sagrado para nosso povo e tudo é diferente em comparação a outros lugares: o Sol, a Lua, as estrelas, as nuvens, a chuva, as serras, tudo...

No passado, o homem branco fez muitas perguntas: - Qual o tamanho da terra? Qual o limite? Qual a forma do território - quadrado ou redondo? Qual o marco divisor?
E o índio respondeu: - O Sol nasce e se põe em nossas terras; a linha do horizonte é o limite, onde o céu se encontra com a terra, de forma circular porque o nosso mundo é redondo.

É que antigamente, nosso povo circulava por todo esse território, morando aqui e ali, acompanhando as caças e dando nomes aos lugares. Se um gavião cantasse no momento em que nossos ancestrais avistavam uma serra, logo davam o nome de “Serra do Gavião”. Se eles vissem uma onça entrar numa gruta durante a caçada, chamavam o local de “Gruta da Onça”. Uma lagoa com muitos jacarés denominavam “Lagoa do Jacaré”.
Nossa terra está toda registrada por nosso povo com nomes associados à fartura, alegrias e tristezas. Ela traz nossa cultura e o seu tamanho está de acordo com as nossas necessidades físicas, biológicas e culturais. A área de ocupação tribal não se limita à aldeia, ao lugar de habitação.

Nosso território vai muito além, incluindo áreas de roça, pesca, fruta, fontes de barro para cerâmica e onde estão as caças. O rio é sagrado porque lá vivem os piaus, as xiras, os mandins, os pitús, as tartarugas. A mesma importância tem o lugar onde moram as abelhas, as araras, os macacos, as antas, as cutias, os porcos-do-mato. Os ninhos de aves e pássaros são locais importantes para nossa cultura pela necessidade das penas para os cocares. Os canteiros naturais onde encontramos a macambira, por exemplo, são vitais por serem bancos de ervas medicinais para o nosso povo.

Florestas, lagoas, várzeas, brejos, ilhas, enfim, todos os lugares são especiais. A natureza sempre organizou o território tribal e assim, deveríamos seguir a evolução natural.
Mas tivemos que resistir à muita violência. Antes do contato com os brancos, o Território Indígena Tradicional Kariri-Xocó abrangia 3.017 Km², o que ocupava as duas margens do Rio Opara (nome indígena do Rio São Francisco) e se mantinha como um círculo no horizonte, onde a terra se encontrava com o céu, com o Rio, com a floresta atlântica, a mata de caatinga, lagoas e várzeas.

Nosso território físico atual nos oprime, mas um território maior e mais rico ainda está vivo em nossa memória. Com fé e luta, recuperaremos nossas terras


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