Apêndice

1: A origem do nome

Desde a publicação do livro Às margens do Rio Rei que argumento uma tese sobre a origem do nome da cidade. Talvez a minha exposição não tenha ficado clara, mas tentarei com base em novos elementos convencer aqueles que se prendem a explicação herdada da tradição.

Por causa disso sofri várias críticas, resistência e até uns tolos que duvidaram da minha capacidade intelectual. Os mais fervorosos até me perguntou se eu queria mudar a História. Mudar não, mas corrigir.

Para defender a minha tese, é necessário relembrar aquilo que foi ensinado nas escolas, aos curiosos, visitantes. Nós aprendemos que a nossa cidade, antes da visita de Pedro II, era conhecida como Aldeia do Colégio, Colégio, Porto do Colégio. 

Passou a se chamar Porto Real do Colégio, segundo a tradição, no dia 16 de outubro de 1859 quando D. Pedro II, vindo de Propriá - Sergipe aportou em nossa cidade. Alega a tradição que o imperador perguntou como se chama a freguesia. Então, disseram: "Colégio". Aí o imperador disse a eles: “De hoje em diante Porto Real do Colégio”. 

E assim foi ensinado de geração a geração que o epíteto Real foi acrescido ao nome da cidade a partir daquela proclamação feita por Pedro II.

As minhas convicções quanto à origem do nome da cidade se fundamenta em registros teóricos de alguns estudiosos e do IBGE. Tenho, com base em minhas pesquisas, plena certeza que o epíteto real não se prende a visita, muito menos a realeza de Pedro II.

Diante do exposto, vamos aos registros dos fatos:

 No ano de 1795 a freguesia de Colégio se tornou Distrito com a denominação de Porto Real do Colégio;

 A pedido de Pedro II, o engenheiro Halfeld fez um meticuloso trabalho de levantamento topográfico desde a cachoeira de Pirapora até a foz do rio São Francisco entre os anos de 1852 a 1854. Ao chegar nesta região, disse ele que o nome da freguesia era Porto Real do Colégio;

 Saindo de Propriá, em 1859, o imperador disse que iria ao Porto Real do Colégio.

Essas são as datas e os fatos que a elas se ligam. Resta-nos agora analisar três coisas: 1ª – O nome Porto Real do Colégio já existia e antecede o nascimento do imperador, o que o impediria de nomear a freguesia quando a visitou. 2ª – Como ele pediu ao engenheiro Halfeld que fizesse o trabalho meticuloso de toda região e este trabalho foi concluído antes de 1859 (cinco anos antes de sua visita), fica claro que Pedro II possuía uma cópia dessa obra. 3ª – De onde vem, então, a realeza do nome da cidade? A quem de fato ele pertence? Estas indagações serão explicitadas no próximo parágrafo.

Para o dr. Abelardo Duarte, em sua obra Três Ensaios, afirma que o epíteto real acrescido ao nome da cidade não foi uma homenagem ao rei ou porque simplesmente disse: “De hoje em diante Porto Real do Colégio”, mas porque os jesuítas denominavam o rio São Francisco de Real. Conjuga dessa mesma ideia Ernani Méro, em sua obra A Evangelização em Alagoas, onde afirma que o nome da cidade não é uma homenagem ao imperador, mas porque os jesuítas o chamavam de Rio Rei.

Portanto, para esses autores, a realeza inclusa ao nome da cidade tem origem natural: a grandiosidade do rio São Francisco e sua beleza majestática. De qualquer forma, os autores mencionados tem uma certeza em comum: o nome não se prende a visita de d. Pedro II, nem a sua aclamação.