19 de março de 2013

O porto real

Seu território, às margens do Opara, como era chamdo o São Francisco, abrigava várias tribos indígenas: Cariris, Carapotás, Aconãs e Tupinambás, todas vivendo da caça e da pesca. Os bandeirantes, em busca de escravos, desarticularam a antiga vida tribal com sua cobiça. Os jesuítas vieram em seguida com o objetivo de catequizar os nativos e agrupá-los em uma aldeia central, por intermédio de um colégio onde ensinavam língua e religião. O colégio e o aldeamento ficavam próximos ao rio e de um porto à sua margem, protegidos pela coroa real portuguesa. Daí o nome.

O texto que recebeu grifo meu, procura explicar de forma suscinta como se originou o nome Porto Real do Colégio. Essa ideia é do historiador Douglas Aprato Tenório e encontra-se na Enciclopédia dos Municípios de Alagoas, publicada semanalmente pelo jornal Gazeta de Alagoas.
 
Perceba que no texto destacado as palavras Colégio, Porto e Real são os elementos que compõe o nome do atual município. Os nomes se entrelaçam ao contexto histórico vivido na época. Cada nome é um retalho que necessidade de cuidados para que a colcha tenha a sua importância.

Então, vamos conhecê-los por meio de referências. Dr. Aberlado Duarte, em seu Três Ensaios, pronucia-se assim:
O topônimo “Colégio” dado, a princípio, à povoação e, hoje, ao Município se prende, porém, evidentemente, à presença do Jesuíta e ao seu mistér de ensinar (Duarte: 1966, 170).

Para esse estudioso fica claro o porquê da inclusão do nome colégio ao da cidade. Referindo-se ainda a escola que havia no aldeamento, ela se chamava Colégio Real dos Jesuítas. Esta informação está registrada na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros publicado pelo IBGE em 1950.
Apegando-se ainda a citação destacada, sugere o autor que a expressão porto real foi acrescida ao nome da cidade porque a coroa real, isto é, o império português mantinha em suas aldeias e vilas portos administrados pelo governo imperial. Para o Drº. Douglas Apratto Tenório a realeza do nome está intimamente relacionada a um local de embarque e desembarque e a presença da realeza aos seus súditos. Neste sentido, Abelardo Duarte apresenta outra explicação quando afirma que:
“(...) os Jesuítas denominavam o Rio S. Francisco real (…) (Duarte: 1966, 171)”.

Conjuga dessa mesma ideia Ernani Otacílio Méro, em seu livro: A Evangelização em Alagoas. Nele, diz:
“Não devemos esquecer que em Alagoas não existiu um Colégio e sim uma escola anexa à Residência e que o nome de Porto Real do Colégio não se prende a uma homenagem ao rei, como alguns pensam, e sim pelo fato dos inacianos terem batisado (sic) o rio São Francisco de 'Rio Rei'”. (Méro: 1995, 27).

Há, também, a versão escolhida pela tradição para justificar tal origem. Ela se encontra registrada no livro Colégio – Palmeira de Boaventura Vieira Dantas e no livro da Drª. Vera  Lúcia Calheiros da Mata, intitulado A Semente da Terra. Segundo aquele,

“Colégio, Colégio dos Índios ou Colégio dos Jesuítas, conforme era conhecido anteriormente à excursão de D. Pedro II, o magnânimo, à cachoeira de Paulo Afonso, e a sua, dele, passagem e visita aos índios e esta hoje cidade que passou daí em diante a denominar-se P. R. do Colégio (...)”. (Dantas: 1953, 183).

Todas as colocações devem ser levadas em conta, mas adianto que as que mais fundamento há são as apresentadas pelo Drº. Abelardo Duarte e Douglas Apratto Tenório. A versão da tradição não se sustenta e tratei desse assunto neste título: A orgigem do nome.

Irei em outro momento tratar considerações sobre as opiniões dos citados doutores para que se possa haver clareza sobre a etmologia do nome.


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24 de janeiro de 2013

Escola Santa Terezinha adota Laura


O livro Laura foi submetido ao prêmio Alina Paim, categoria infanto-juvenil, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de Sergipe, Segrase/Editora Oficial e pelo Banese (Banco do Estado de Sergipe).

Por meio de Portaria da Secult, uma comissão constituída por Aglaé D`Ávila Fontes, Maria Lígia Madureira Pina e Cláudia Teresinha Stocker, profissionais renomadas e especialistas com idoneidade e capacidade reconhecidas. Elas analisaram o livro e observaram os seguintes critérios: atualidade, abrangência e adequação do tema e do conteúdo ao gênero de literatura; relevância cultural; caráter inovador da obra; adequação da linguagem de acordo com o gênero e avaliação global da qualidade da obra.
 
Após a análise, essa comissão entendeu que o livro Laura era digno de receber o Prêmio Alina Paim. A premiação ocorreu no dia sete de fevereiro de 2012 no Museu da Gente Sergipana. A respeito de Laura, assim definiu a comissão:

"Ao ler as histórias narradas neste livro, o leitor perceberá que Laura transforma palavras em pura magia e encanto. História de medo, lobisomem, caipora, almas penadas, personagens que povoam o imaginário das crianças, são contadas por Laura ao sobrinho Fernando, com riqueza de detalhes que prende a atenção do início ao fim de cada capítulo, alimentando assim a imaginação e estimulando as fantasias, pois nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos através da realidade".


O livro Laura foi adotado pela Escola Santa Terezinha em Porto Real do Colégio - Alagoas. Veja o que escreveu uma das proprietárias da escola:

“Laura”, obra da literatura infanto-juvenil, premiada nessa categoria com o prêmio Alina Paim como o melhor livro no estado de Sergipe está fazendo parte da biblioteca e do currículo da escola Santa Terezinha compondo os estudos da turma do 5º ano, no período letivo de 2013. A escolha dessa obra vem resgatar o encanto e a magia do contar e ouvir estórias, assim como estimular a leitura contribuindo para o resgate da cultura local, incentivando os jovens leitores na produção de novas estórias. 
Dessa forma, estamos valorizando o autor, escritor, poeta e pesquisador, o nosso conterrâneo colegiense Ronaldo Pereira de Lima, hoje residente no estado de Sergipe. 
Marta Maria Anselmo Nobre


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15 de dezembro de 2012

Programa Terra e Mar em Colégio

A TV Gazeta de Alagoas em 2011 exibiu em seu programa Terra e Mar, reportagem sobre a cidade de Porto Real do Colégio. Nela, foram abordados aspectos históricos e culturais desse município.

Ao se referir a chegada dos jesuítas por volta do século XVII e ao colégio construído onde hoje se encontra a casa paroquial e a prefeitura, vincula essas informações ao velho Ginásio São Francisco de propriedade da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade), construído nos anos 60 no governo do ex-prefeito Ademário Vieira Dantas.

Seguindo o relato, baseado nas informações contidas na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros do IBGE de 1950; o repórter diz que a visita de D. Pedro II em 1859 a vila foi responsável em chamar aquele vilarejo de Porto Real do Colégio.

Diante do que foi dito, as informações referente a escola se desvincula pelo próprio espaço de tempo, pois, do século dezessete ao vinte há uma diferença enorme. Quanto a origem do nome, não há nenhuma vinculação entre D. Pedro e ao mérito que querem dar ao imperador quanto ao nome da cidade. 

Sem uma observação das recentes referências do município, a reportagem  dar continuidade a discursos ideológicos e sem uma apuração mais rigorosa dos fatos.

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21 de outubro de 2012

Mundo circular Kariri-Xocó


Por Nhenety Kariri Xocó

Nós, indígenas Kariri-Xocó, do município de Porto Real do Colégio, em Alagoas, somos na realidade, um grupo de origem pluriétnica. Nossa formação vem da resistência dos Kariri, Aconã e Karapotó no século XVII, dos Tupinambá e Natu no século XVIII e dos Xocó no século XIX.

Nosso universo representa-se em forma de círculo. Nossa visão cultural é de um “Horizonte Circular”, de cor azul, com a Aldeia Kariri-Xocó no centro, a natureza ao redor e o Rio São Francisco passando pelo meio e completando o ecossistema.

Nossa aprendizagem é baseada em círculos evolutivos. Por exemplo, para ser um pescador, inicia-se a aprendizagem com a criança fazendo artefatos de pesca, construindo anzóis, redes e armadilhas. O pequeno índio torna-se assim, hábil pescador adulto, fechando o círculo da pesca. Para ser uma ceramista, a menina aprende com a mãe a arte de modelar o barro, as técnicas tradicionais de confeccionar potes e panelas e pintar os objetos. Mas a sua aprovação como ceramista é quando se torna adulta, dominando toda a arte e fechando, assim, o círculo da cerâmica. O território tradicional é sagrado para nosso povo e tudo é diferente em comparação a outros lugares: o Sol, a Lua, as estrelas, as nuvens, a chuva, as serras, tudo...

No passado, o homem branco fez muitas perguntas: - Qual o tamanho da terra? Qual o limite? Qual a forma do território - quadrado ou redondo? Qual o marco divisor?
E o índio respondeu: - O Sol nasce e se põe em nossas terras; a linha do horizonte é o limite, onde o céu se encontra com a terra, de forma circular porque o nosso mundo é redondo.

É que antigamente, nosso povo circulava por todo esse território, morando aqui e ali, acompanhando as caças e dando nomes aos lugares. Se um gavião cantasse no momento em que nossos ancestrais avistavam uma serra, logo davam o nome de “Serra do Gavião”. Se eles vissem uma onça entrar numa gruta durante a caçada, chamavam o local de “Gruta da Onça”. Uma lagoa com muitos jacarés denominavam “Lagoa do Jacaré”.
Nossa terra está toda registrada por nosso povo com nomes associados à fartura, alegrias e tristezas. Ela traz nossa cultura e o seu tamanho está de acordo com as nossas necessidades físicas, biológicas e culturais. A área de ocupação tribal não se limita à aldeia, ao lugar de habitação.

Nosso território vai muito além, incluindo áreas de roça, pesca, fruta, fontes de barro para cerâmica e onde estão as caças. O rio é sagrado porque lá vivem os piaus, as xiras, os mandins, os pitús, as tartarugas. A mesma importância tem o lugar onde moram as abelhas, as araras, os macacos, as antas, as cutias, os porcos-do-mato. Os ninhos de aves e pássaros são locais importantes para nossa cultura pela necessidade das penas para os cocares. Os canteiros naturais onde encontramos a macambira, por exemplo, são vitais por serem bancos de ervas medicinais para o nosso povo.

Florestas, lagoas, várzeas, brejos, ilhas, enfim, todos os lugares são especiais. A natureza sempre organizou o território tribal e assim, deveríamos seguir a evolução natural.
Mas tivemos que resistir à muita violência. Antes do contato com os brancos, o Território Indígena Tradicional Kariri-Xocó abrangia 3.017 Km², o que ocupava as duas margens do Rio Opara (nome indígena do Rio São Francisco) e se mantinha como um círculo no horizonte, onde a terra se encontrava com o céu, com o Rio, com a floresta atlântica, a mata de caatinga, lagoas e várzeas.

Nosso território físico atual nos oprime, mas um território maior e mais rico ainda está vivo em nossa memória. Com fé e luta, recuperaremos nossas terras


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5 de agosto de 2012

Povoação de São Brás

São Brás, 1860.
Foto: Coutinho, August.
A cidade de São Brás nasceu de uma povoação, cujo território inicialmente pertencia a Porto Real do Colégio. A Lei nº 1.506, que data de 28 de junho de 1889, elevou a localidade à categoria de vila, desmembrando o lugarejo do município ao qual se achava subordinado, sendo instalado oficialmente o seu governo em 1º de outro do mesmo ano, ocasião em que possuía um único distrito.


Referência
Eles fazem Alagoas. Editora Jornalística Manchete dos Municípios Ltda. Jaboatão, PE, p. 553, 1986.
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