18 de abril de 2012

A pedra do meio

Bom Jesus dos Navegantes
A Pedra do Meio é um aglomerado de rochas que pode ser vista de várias partes do cais de arrimo na dr. Clementino do Monte e Pça. Rosita de Goes Monteiro. Do porto da delegacia fica a uma distância aproximada de cem metros. Ela tem um significado especial para o colegiense. 
Esse significado tem valor folclórico. Segundo alguns pescadores, nessa pedra a Mãe d’ Água e o Nêgo d’Água costumavam aparecer, ficarem  sentados sobre ela. Quando avistavam a presença de humanos, desapareciam. É conhecida, também, como a morada de um peixe velho, chamado Camurupim que gosta de assustar os pescadores e reter os seus barquinhos.
Foi na gestão do ex-prefeito Eraldo Cavalcante Silva que essa pedra foi descaracterizada quando a implodiram e puseram a imagem de Bom Jesus dos Navegantes, tirando dela a beleza e a originalidade folclórica de muitos anos.
A Pedra do Meio foi cenário do livro O Povo das Águas, escrito por Ron Perlim, onde o autor reuniu as lendas mais conhecidas em um conselho para que deliberassem sobre a situação triste do Rio São Francisco. E por causa disso, alunos do povoado Caraíbas, da cidade de Canhoba, Sergipe, vieram conhecer a Pedra do Meio e o autor.

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14 de abril de 2012

Ufania no hino municipal


[1]“Jesuítas e os bandeirantes aos índios se deram às mãos”.

O autor do hino, Edivaldo Donato Mendonça, vacila quanto ao conhecimento histórico e canta, nesses versos, a ufania quando diz que os colonizadores e os silvícolas “deram às mãos”; trazendo-nos um discurso ideológico de “companheirismo e amizade” entre aqueles e estes.

Sabe-se, nos mais singelos resumos históricos do município, que a presença de bandeirantes e dos jesuítas não foi vista com bons olhos pelos índios; pois, além de lhes impor hábitos e costumes novos, provocou entre eles intensas guerras. Diz o resumo Histórico do IBGE:

“Os bandeirantes conseguiram aos poucos fixar as tribos indígenas nos arredores da sede, apesar das lutas renhidas (negrito meu), travadas, principalmente, entre os Cariris, moradores nas proximidades, os Aconãs e os bandeirantes recém chegados à região”.

Essas lutas desagregaram as tribos aqui existentes, tornando-as mais frágeis ao poder do colonizador; já que estes possuíam armas mais sofisticas que os silvícolas. Mas não é esse o objetivo deste texto.

O discurso que se encontra no Hino, citado anteriormente, se contradiz com o que se segue; tornando-se daninho porque tenta impor a passividade para aqueles que ouvem a letra do Hino ou a escuta, tentando convencer que houve naqueles anos primeiros uma convivência harmônica celebrada entre silvícolas e colonizadores quando eles “(...) deram as mãos (...)”.

Não deveria, de forma alguma, esse Hino ter sido escolhido pela banca examinadora, já que se tratou de concurso público, sem aqueles versos. Eles são retrógrados, pueris e antiquados. 

Pecou a banca examinadora ao escolher um Hino com tamanha falta e cometeu tal disparate em não recomendar ao autor que corrigisse esse discurso ufano.


[1] Versos da letra do hino municipal de autoria de Edivaldo Donato Mendonça, escolhido pelo Fórum Dlis em 2003.

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25 de março de 2012

João do Pife


Segundo o blog Artistas Alagoanos, João Bibi dos Santos nasceu no dia primeiro de julho de 1932 em Porto Real do Colégio - Alagoas e faleceu em Maceió em 06 de fevereiro de 2009, na Santa Casa de Misericórdia, vítima de falência múltipla dos órgãos e foi sepultado em Arapiraca no cemitério do bairro Canafístula aos 79 anos.

Aprendeu a tocar pífano quando ainda era criança na companhia de seu pai que se apresentava em novenas e nas roças de fumos, quando este foi morar em Arapiraca. Seu nome artístico era João do Pife.

No final de 1960 e 1980, João do Pife realizou shows em todo o paí, acompanhando o humorista Ludugero, tocando com artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e outros nomes.

Ele gravou inúmeros discos de vinil e, para Hermeto Pascoal, "um gênio da arte do pífano".

Seu talento foi reconhecido pelo prefeito de Arapiraca Luciano Barros, concedendo-lhe o troféu Arraiá da Integração pela Preservação da Música de Raiz e Cultura Popular.

Considerava-se cidadão arapiraquense. É lembrado e prestigiado na cidade onde escolheu viver.


Fontes:


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20 de março de 2012

João das Alagoas


João Pereira de Lima nasceu em 10 de maio de 1943 em Porto Real do Colégio, zona rural e é conhecido por poucos na cidade onde nasceu. No mundo artístico é conhecido como João de Lima das Alagoas.

É violeiro, repentista e cordelista, tendo publicado vinte folhetos, 25 livros de poesias e repentes. Tem três LP's, seis cd's e diversos dvd's.

A inspiração para suas rimas, na maioria das vezes, vem da saudade da infância vivida no campo em Porto Real do Colégio.

Aprendeu o ofício com o pai, que era cantador, desde criança quando o acompanhava em suas apresentações.

Vive em Maceió, faz sucesso em Alagoas e em outros estados brasileiro. Em 2011, a Secretaria de Estado de Alagoas o reconheceu como patrimônio vivo do estado.

                                                                                  
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10 de março de 2012

Ruas que contam a História

Rua dos Caboclos: 2012.
As ruas são localizações geográfica de bairros, constituindo elementos de um todo que dão forma as cidades. Nelas as pessoas vivem, transitam, aglomeram-se, festejam. Mas nem toda rua possui uma identificação histórica. É o que se pode notar na pequena Colégio.

As ruas de Porto Real do Colégio contém fragmentos históricos em vários pontos da cidade e merecem ser reunidos neste texto para que se tenha o registro delas perto das pessoas, de seus familiares, amigos e visitantes. Segue abaixo a lista das ruas e os fragmentos históricos que cada uma carrega em si:

  • Rua Pe. Nicolau Botelho;
  • Rua Pajé Manoel Baltazar
  •  Rua 07 de Julho;
  •  Rua dos Caboclos;
  • Rua Santa Cruz;
  • Rua do Cruzeiro;
  • Rua da Estação;
  • Rua Eng. Gordilho de Castro;
  • E Rodovia Francisco de Assis Silva.

Cada rua dessas tem um significado histórico, despercebido pela maioria de seus moradores. Nelas moram, nelas passeiam, sentam-se nas calçadas e não se dão conta que vivem parte da História do município. A maioria não sabe o que aqueles nomes significam e porque eles foram atribuídos a elas.

Irei, no entanto, relacionar o nome de cada rua com o contexto histórico em que ela se localiza, pois, não se trata apenas de uma localização geográfica; mas situá-las aos fatos históricos.

        I.     1. Rua Pe. Nicolau Botelho
A abreviação Pe. que antecede o nome Nicolau indica a presença religiosa por estas bandas, já que ela significa padre. E o padre Nicolau Botelho pertencia a Companhia de Jesus e era um jesuíta ou inaciano.

No ano de 1759, o marquês de Pombal decretou a extinção das missões indígenas em todo império. O padre Nicolau se encontrava na Residência Urubumirim, administrando-a. Ele foi preso por uma escolta, levado para Olinda – PE e de lá deportado para Portugal. Essa residência era um centro administrativo da Companhia de Jesus que se encontrava em Colégio.

      II    2. Rua Pajé Manoel Baltazar
Pajé é o nome do líder de uma tribo indígena. Com relação ao nome dessa rua, o índio Manoel Baltazar foi o indígena que recepcionou D. Pedro II em 1859 quando este aqui esteve de passagem.

Tinha aproximadamente 65 anos de idade. Comandou a apresentação de Toré a comitiva real e, a pedido do imperador, acertou em um morão com uma flecha.

    III.      3. Rua 07 de Julho
O nome dessa rua é uma data, faltando apenas o ano. Essa data se refere a criação da vila de Porto Real do Colégio, quando esta deixou a condição de freguesia. Nesse período o território compreendido pela área de Colégio foi desmembrado de Penedo. Isso ocorreu através da Lei nº 737 de 07 de julho de 1876.

    IV.     4. Rua dos Caboclos
Desde criança, ouvia falar da Rua dos Caboclos. Cresci ouvindo também que “os cabocos” não eram de Colégio. Que eles tinham vindo da Ilha de São Pedro, em Sergipe e se confinado na Rua dos "Cabocos". Mas compreendi o significado de Rua dos Caboclos quando passei a estudar a expropriação de suas terras e a fusão das tribos Kariri-Xóco.

A morada dos índios na Rua dos caboclos, atual Rua São Vicente, ocorreu durante os anos 40. Isso ocorreu porque a Lei nº 1.174 de 1860 determinou que as terras das extintas aldeia deveriam ser vendidas. Justificavam que não mais havia indígena nos aldeamentos, apenas mestiços que mantinham conflitos com os donos da terra.

Como se ver, o contexto histórico revela o preconceito racial a que sempre esteve submetido os povos que aqui estavam antes do colonizador e aqueles que buscaram ajuda, como os Xocós da Ilha de São Pedro. 
      V.     5. Rua Santa Cruz
Trata-se de uma capela em homenagem a Santa Cruz. A capela era construída na travessa da Rua São José.

Na gestão de João da Rocha Cruz, essa rua passou a se chamar Av. Ademário Vieira Dantas, que foi ex-prefeitos por dois mandatos, fiscal de renda, ex-deputado estadual e um político ativo. Nesta avenida há um busto em sua homenagem.

Ela foi asfaltada em sua gestão, nos anos 50, e foi importante para o comércio local, para o estado de Alagoas e outros estados do Nordeste, pois, por ela transitavam caminhões, carretas e outros veículos de cargas que daria no Porto das Balsas que se localizava entre o Beira Rio e o Canoas Bar. As balsas transportavam esses veículos para Propriá – Se e de lá tomam rumo de seus destinos.

    VI.      6. Rua do Cruzeiro
A rua, assim se chamava, porque havia um cruzeiro nas proximidades onde hoje é a escola municipal Centro Educacional Profº. Ernane de Figueiredo Magalhães. De acordo com dona Marlude, na localização dessa escola havia um cemitério clandestino. Nele, eram abertas valas para enterrarem os mortos acometidos por uma praga de cólera em 1911. Por conta disso, foi feita uma promessa para São Roque e levantado um cruzeiro para que se lembrassem dos mortos e da promessa feita. Com o tempo, o cruzeiro foi arrancado e colocado no Cemitério Velho e já não existe mais. Atualmente a Rua do Cruzeiro se chama Rua da Independência, em homenagem a independência da República.

  VII.      7. Rua da Estação
Em 1950, no governo do ex-prefeito Ademário Vieira Dantas, deu início a construção do Ramal do Colégio da RFSA. À época foi construída uma vila de casas para os funcionários da rede ferroviária.  Por isso o local ficou conhecido como Rua da Estação, referindo-se a estação ferroviária.

Na gestão do ex-prefeito José Reis de Nascimento foram retirado todos os trilhos que estavam desativados, o terreno foi loteado; dando origem a Av. Gov. Moacir Andrade.

VIII.        8. Rua Eng. Gordilho de Castro
Gordilho de Castro foi o responsável pela construção do Ramal de Colégio que compreendia os trilhos, o dique, a estação ferroviária de embarque e desembarque de passageiros e os armazéns.

Ele foi homenageado duas vezes: a primeira leva o nome da estação ferroviária e a outra foi a rua, que leva seu nome, onde se localiza os correios e o mercado público da carne.

    IX.      9.Rodovia Francisco de Assis Silva
Francisco de Assis Silva foi um político atuante na cidade de Porto Real do Colégio. Em seu primeiro mandato, 1973-1977, destacou-se no investimento educacional, representado por sua parceria com o Colégio São Francisco. Em seu segundo mandato, 1982-1988, obras de infraestrutura foram realizada, a exemplo do cais de arrimo que se localiza na Rua Dr. Clementino do Monte, de construção de escolas e outros feitos que enalteceu nosso município. Afastou-se definitivamente da política. Atualmente reside em Penedo.

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