10 de março de 2012

Ruas que contam a História

Rua dos Caboclos: 2012.
As ruas são localizações geográfica de bairros, constituindo elementos de um todo que dão forma as cidades. Nelas as pessoas vivem, transitam, aglomeram-se, festejam. Mas nem toda rua possui uma identificação histórica. É o que se pode notar na pequena Colégio.

As ruas de Porto Real do Colégio contém fragmentos históricos em vários pontos da cidade e merecem ser reunidos neste texto para que se tenha o registro delas perto das pessoas, de seus familiares, amigos e visitantes. Segue abaixo a lista das ruas e os fragmentos históricos que cada uma carrega em si:

  • Rua Pe. Nicolau Botelho;
  • Rua Pajé Manoel Baltazar
  •  Rua 07 de Julho;
  •  Rua dos Caboclos;
  • Rua Santa Cruz;
  • Rua do Cruzeiro;
  • Rua da Estação;
  • Rua Eng. Gordilho de Castro;
  • E Rodovia Francisco de Assis Silva.

Cada rua dessas tem um significado histórico, despercebido pela maioria de seus moradores. Nelas moram, nelas passeiam, sentam-se nas calçadas e não se dão conta que vivem parte da História do município. A maioria não sabe o que aqueles nomes significam e porque eles foram atribuídos a elas.

Irei, no entanto, relacionar o nome de cada rua com o contexto histórico em que ela se localiza, pois, não se trata apenas de uma localização geográfica; mas situá-las aos fatos históricos.

        I.     1. Rua Pe. Nicolau Botelho
A abreviação Pe. que antecede o nome Nicolau indica a presença religiosa por estas bandas, já que ela significa padre. E o padre Nicolau Botelho pertencia a Companhia de Jesus e era um jesuíta ou inaciano.

No ano de 1759, o marquês de Pombal decretou a extinção das missões indígenas em todo império. O padre Nicolau se encontrava na Residência Urubumirim, administrando-a. Ele foi preso por uma escolta, levado para Olinda – PE e de lá deportado para Portugal. Essa residência era um centro administrativo da Companhia de Jesus que se encontrava em Colégio.

      II    2. Rua Pajé Manoel Baltazar
Pajé é o nome do líder de uma tribo indígena. Com relação ao nome dessa rua, o índio Manoel Baltazar foi o indígena que recepcionou D. Pedro II em 1859 quando este aqui esteve de passagem.

Tinha aproximadamente 65 anos de idade. Comandou a apresentação de Toré a comitiva real e, a pedido do imperador, acertou em um morão com uma flecha.

    III.      3. Rua 07 de Julho
O nome dessa rua é uma data, faltando apenas o ano. Essa data se refere a criação da vila de Porto Real do Colégio, quando esta deixou a condição de freguesia. Nesse período o território compreendido pela área de Colégio foi desmembrado de Penedo. Isso ocorreu através da Lei nº 737 de 07 de julho de 1876.

    IV.     4. Rua dos Caboclos
Desde criança, ouvia falar da Rua dos Caboclos. Cresci ouvindo também que “os cabocos” não eram de Colégio. Que eles tinham vindo da Ilha de São Pedro, em Sergipe e se confinado na Rua dos "Cabocos". Mas compreendi o significado de Rua dos Caboclos quando passei a estudar a expropriação de suas terras e a fusão das tribos Kariri-Xóco.

A morada dos índios na Rua dos caboclos, atual Rua São Vicente, ocorreu durante os anos 40. Isso ocorreu porque a Lei nº 1.174 de 1860 determinou que as terras das extintas aldeia deveriam ser vendidas. Justificavam que não mais havia indígena nos aldeamentos, apenas mestiços que mantinham conflitos com os donos da terra.

Como se ver, o contexto histórico revela o preconceito racial a que sempre esteve submetido os povos que aqui estavam antes do colonizador e aqueles que buscaram ajuda, como os Xocós da Ilha de São Pedro. 
      V.     5. Rua Santa Cruz
Trata-se de uma capela em homenagem a Santa Cruz. A capela era construída na travessa da Rua São José.

Na gestão de João da Rocha Cruz, essa rua passou a se chamar Av. Ademário Vieira Dantas, que foi ex-prefeitos por dois mandatos, fiscal de renda, ex-deputado estadual e um político ativo. Nesta avenida há um busto em sua homenagem.

Ela foi asfaltada em sua gestão, nos anos 50, e foi importante para o comércio local, para o estado de Alagoas e outros estados do Nordeste, pois, por ela transitavam caminhões, carretas e outros veículos de cargas que daria no Porto das Balsas que se localizava entre o Beira Rio e o Canoas Bar. As balsas transportavam esses veículos para Propriá – Se e de lá tomam rumo de seus destinos.

    VI.      6. Rua do Cruzeiro
A rua, assim se chamava, porque havia um cruzeiro nas proximidades onde hoje é a escola municipal Centro Educacional Profº. Ernane de Figueiredo Magalhães. De acordo com dona Marlude, na localização dessa escola havia um cemitério clandestino. Nele, eram abertas valas para enterrarem os mortos acometidos por uma praga de cólera em 1911. Por conta disso, foi feita uma promessa para São Roque e levantado um cruzeiro para que se lembrassem dos mortos e da promessa feita. Com o tempo, o cruzeiro foi arrancado e colocado no Cemitério Velho e já não existe mais. Atualmente a Rua do Cruzeiro se chama Rua da Independência, em homenagem a independência da República.

  VII.      7. Rua da Estação
Em 1950, no governo do ex-prefeito Ademário Vieira Dantas, deu início a construção do Ramal do Colégio da RFSA. À época foi construída uma vila de casas para os funcionários da rede ferroviária.  Por isso o local ficou conhecido como Rua da Estação, referindo-se a estação ferroviária.

Na gestão do ex-prefeito José Reis de Nascimento foram retirado todos os trilhos que estavam desativados, o terreno foi loteado; dando origem a Av. Gov. Moacir Andrade.

VIII.        8. Rua Eng. Gordilho de Castro
Gordilho de Castro foi o responsável pela construção do Ramal de Colégio que compreendia os trilhos, o dique, a estação ferroviária de embarque e desembarque de passageiros e os armazéns.

Ele foi homenageado duas vezes: a primeira leva o nome da estação ferroviária e a outra foi a rua, que leva seu nome, onde se localiza os correios e o mercado público da carne.

    IX.      9.Rodovia Francisco de Assis Silva
Francisco de Assis Silva foi um político atuante na cidade de Porto Real do Colégio. Em seu primeiro mandato, 1973-1977, destacou-se no investimento educacional, representado por sua parceria com o Colégio São Francisco. Em seu segundo mandato, 1982-1988, obras de infraestrutura foram realizada, a exemplo do cais de arrimo que se localiza na Rua Dr. Clementino do Monte, de construção de escolas e outros feitos que enalteceu nosso município. Afastou-se definitivamente da política. Atualmente reside em Penedo.