[1]“Jesuítas
e os bandeirantes aos índios se deram às mãos”.
O autor do hino, Edivaldo Donato Mendonça,
vacila quanto ao conhecimento histórico e canta, nesses versos, a ufania quando
diz que os colonizadores e os silvícolas “deram às mãos”; trazendo-nos um
discurso ideológico de “companheirismo e amizade” entre aqueles e estes.
Sabe-se, nos mais singelos resumos históricos
do município, que a presença de bandeirantes e dos jesuítas não foi vista com
bons olhos pelos índios; pois, além de lhes impor hábitos e costumes novos,
provocou entre eles intensas guerras. Diz o resumo Histórico do IBGE:
“Os
bandeirantes conseguiram aos poucos fixar as tribos indígenas nos arredores da
sede, apesar das lutas renhidas
(negrito meu), travadas, principalmente, entre os Cariris, moradores nas
proximidades, os Aconãs e os bandeirantes recém chegados à região”.
Essas
lutas desagregaram as tribos aqui existentes, tornando-as mais frágeis ao poder
do colonizador; já que estes possuíam armas mais sofisticas que os silvícolas.
Mas não é esse o objetivo deste texto.
O discurso que se encontra no Hino, citado
anteriormente, se contradiz com o que se segue; tornando-se daninho porque
tenta impor a passividade para aqueles que ouvem a letra do Hino ou a escuta,
tentando convencer que houve naqueles anos primeiros uma convivência harmônica
celebrada entre silvícolas e colonizadores quando eles “(...) deram as mãos
(...)”.
Não deveria, de forma alguma, esse Hino ter
sido escolhido pela banca examinadora, já que se tratou de concurso público, sem aqueles versos. Eles são retrógrados, pueris e antiquados.
Pecou a banca
examinadora ao escolher um Hino com
tamanha falta e cometeu tal disparate em não recomendar ao autor que corrigisse
esse discurso ufano.
[1]
Versos da letra do hino municipal de autoria de Edivaldo Donato Mendonça,
escolhido pelo Fórum Dlis em 2003.