19 de abril de 2019

O Anachorêta

Pintura: Aurora López
Porto Real do Collegio, 3 de Julho de 1875.
ESTIMADOS REDACTORES

O triste espectaculo de que no 1° do corrente mez, foi testemunha este povoado, merece a mais seria attenção do governo, e mesmo de todas as pessoas a quem de direito compete o dever de velar pela tranquilidade publica, e cumprimento das leis em vigor. 

As oito ou nove horas da manhã d'aquelle dia, entrou repentinamente nesta povoação um grupo de sediciosos de ambos os. sexos, em numero de mais de 300, que causou não só admiração e surpreza, como mesmo assombro e pasmo!

Armados de clavinotes, bacamartes, fouces, lanças, chuços, punhaes e facas de ponta, na occasião em que o escrivão de paz ia pregar na porta da Matriz o edital de convocação para os trabalhos do alistamento do recrutamento por sorteio, que deve principiar no 1° de agosto prox. seguinte, dirigirão-se a elle e brutalmente tomarão lhe e rasgarão o referido edital, escapando miraculosamente o escrivão de ser victima do vandalismo!

Em seguida, dirigirão-se ao juiz de paz, Francisco Ferreira de Carvalho Patriota, que encontrarão na rua, e conduzindo-o em forma de procissão, a força de armas, fizerão-no entregar-lhes o folheto da lei, que escandalosamente rasgarão!

Ja se achava de retirada essa órda de desalmados sediciosos, quando, insuflados, por Lourenço Ferreira de Oliveira, sua mãi —conhecida por Maria sapateira,— José Alves, Antonio Ferreira de Mello Patriota o Manoel Vieira de Mello, tornarão a voltar e de novo atacárão o Juiz de Paz, para tomarem-lhe o Regulamento respectivo, e bem assim a Joaquim Antonio d'Oliveira, que, igualmente ao Juiz, esteve por momentos a perder a existência!

A Divina Providencia agradecemos o não ter a lamentar horríveis desgraças; e a Santissima Virgem, fazemos votos, para que nos proteja e livre do que estamos ameaçados o 1ª de agosto!

Não he de admirar, que a plebe infima dos matos, affeita ao selvagismo, atire-sa cegamente a cometer crimes desta ordem; o que nos sorprehende, porém, é que pessoas que morão em povoados como este, cheguem a insuflar a perpetração de táes delictos, somente com o malvado desejo de ver derramar-se o sangue humano!

He de Direito divino e humano a obediencia ás nossas leis; e se são delinquentes os sediciosos que aqui entrárão e cometterão o escandaIoso attentado de tomar a força de armas e rasgar o inness que continha uma lei promulgada, e mandada executar, no mesmo caso estão aqueles insnfladores, que assulavão a plebe, e portanto devem todos ser punidos!

O Governo, e todas as mais autoridades, a quem o direito competir, devem tomar as mais serias providencias, para que não se reproduzão factos desta ordem, que podem trazer-ns as mais lamentaveis disgraças. 

Queirão, senhores redactores, publicar estas toscas linhas, que disso lhes será sempre grato.

O Anachorêta

Fonte: https://www.facebook.com/HadrianosRibeirus/. A Real do Porto. Acesso em 19/04/2019.
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29 de janeiro de 2019

Um olhar no Cubismo Analítico

Orlando Santos é colegiense. Também é conhecido como o Pablo Picasso alagoano. Com mais de trinta anos na estrada das artes plásticas, tem exposto seu trabalho por aí. Exemplo disso foi a exposição Um olhar no Cubismo Analítico que aconteceu no dia 29 de dezembro de 2016 até o dia 27 de janeiro de 2017. Conheça esse colegiense assistindo ao vídeo da TVCOM Maceió. Saiba mais sobre ele e seu trabalho.


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23 de novembro de 2018

Porto Real do Colégio: História e Geografia


O próprio nome do livro diz respeito a História e Geografia do município de Porto Real do Colégio, nas Alagoas. Nele, ainda há um apêndice intitulado É bom saber! O conteúdo histórico fala da origem da cidade, as primeiras expedições, a colonização, o aldeamento e outros fatos relevantes que aconteceram na época. Quanto aos aspectos geográficos, o leitor compreenderá a localização de Colégio no mapa de Alagoas e na microrregião de Penedo, seus limites, a população, sua formação étnica e outros dados relevantes. É claro que o autor não poderia esquecer da parte cultural, onde  as lendas e mitos são citados, a produção artesanal e outras manifestações do povo. A seção É bom saber traz uma novidade: Colégio teve um representante no Senado Federal através do projeto O Jovem Senador. 
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6 de junho de 2017

Leis e estatuto

Prefeitura Municipal

Estão disponíveis para downloads as leis municipais que trata do servidor público do município de Porto Real do Colégio - Alagoas.
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27 de fevereiro de 2017

Inauguração da Ferrovia Palmeira-Colégio (15 de dezembro de 1950)

Por Hadrianos da S.R.

O texto abaixo foi copiado do livro Palmeira - Colégio, do jornalista, político, comerciante e escritor
Boa Ventura Vieira Dantas (14/07/1896 - 04/11/1964), publicado em 1953. E representa o relato dele sobre a inauguração do trecho da Rede Ferroviária, entre Palmeira dos Índios e Porto Real do Colégio, no caminho de várias outras cidades alagoanas como Arapiraca, Olho d'Agua Grande, etc. Junto a descrição, duas imagens do momento da inauguração. Vale Ressaltar a força intelectual do Sr. Boa Ventura Dantas, que entre os anos de 1937 a 1950, fez do papel e da caneta suas armas para lutar pela
construção da linha férrea, projeto que segundo ele, foi pensado desde os primeiros anos de 1900, e que só pôde ser concretizado em 1950, estabelecendo um corredor de transporte do Rio Grande do Norte até o Sul do Brasil. A cidade de Propriá, desde 1915, já contava com uma linha ferroviária, que fazia a ponte até Salvador. Vários foram os textos publicados no Jornal "A Defesa" de Propriá, estando o senhor Boaventura entre os jornalistas da Associação Sergipana de Imprensa, sob a matrícula nº 166. É dele, inclusive, o projeto do feriado de emancipação política de Porto Real do Colégio, aprovado em 1948. Substantivas foram suas contribuições a esse município, contudo, nada a este legitimo colegiense foi dado em sua homenagem, infelizmente, essa cidade possui uma cultura de não preservar a memória de seus munícipes, ou pior, de só render homenagens a suas figuras mais obtusas, salvo raríssimas exceções.


De qualquer forma, a História trabalhada nessa fan page está aqui para resgatar parte das memórias que ainda não foram apagadas pela ausência de uma cultura cidadã. 
Segue abaixo o texto. Uma boa leitura.

XXXIII

E o sonho transmudara-se em aurifulgente realidade, realidade que empolga milhares de nordestinos do Rio Grande do Norte a Alagoas, sonho de importância capital para o nosso país, pois está praticamente ligada a formosa e brava região nordestina a todo o sul do nosso sempre querido Brasil.

Não só ao Rio de Janeiro e São Paulo, mas a todas as unidades meridionais e mesmo a um país visinho: o Uruguai, antiga Cisplatina, ex-Pronvíncia brasileira.
Eram 12 horas e quarenta minutos, quando garbosamente ingressava em nossa cidade, que se encontrava engalanada e repleta de enorme multidão concentrada nas imediações da estação e em todas as ruas da cidade, a locomotiva n. 315, atrelada à vanguarda de seis carros, sendo dois da administração, dois de 1ª classe, um carro restaurante R-8 e um de bagagens, fedendo o ar, a essa hora inúmeras girândolas de foguetes, apitando locomotivas, repicando os sinos centenários de nossa Matriz, como que, em nome de Deus, abençoando o festivo e histórico evento, tocando o Hino Nacional, e depois belíssimas peças do seu repertório a “Filarmônica Santo Antonio”, iniciando-se logo após o desembarque da comitiva que estava assim constituída: eng. Cornélio da Fonseca Júnior, chefe do Distrito Fiscal, do D. N. E. P.; eng. Lauriston Pessoa Monteiro, chefe do Distrito de Construção – 3, do mesmo departamento; coronel Braulio Guimarães, chefe da Comissão da Rede 7, do glorioso exército de Caxias; coronel Raul Malheiros, representando o comando da Zona Aérea; eng. Brito Pereira, administrador da Great-Western; eng. R. H. sub-diretor da mesma empresa nacionalizada; eng. Aquilio Porto, Chefe do Tráfego; eng. Lafaiete Bandeira, chefe de transportes; eng. Nacional; eng. Orlando Rocha, chefe de Obras Novas; eng. Emanuel Nazareno, chefe da Via Permanente; eng. Terence Hanson, chefe de Obras; Paulo J. Castilho e Nelson Miranda, engenheiros Assistentes da Diretoria; eng. Hélio Lobo, Diretor da “Estrada de Ferro Sampaio Correia” e eng. Humberto Torres da mesma Empresa; eng. Malta Cardoso, chefe de uma das firmas que forneceram material para a construção do trecho recém-inaugurado. 

Representando a imprensa do Recife vieram os jornalistas Paulo Couto Malta, Pela “Associação de Imprensa” e Diário de Pernambuco”, Dr. Carlos Luiz de Andrade, pela “Folha da Manhã” (Edições matutinas e vespertinas) e Gaston Manguinho pelo “Jornal do Comércio”, “Diário da Noite” e Rádio Jornal do Comércio”, representantes do “Jornal de Alagoas” e “Gazeta de Alagoas”, da capital alagoana, jornalistas Correia Lima e Ernesto Aminthas, respectivamente; representaram a Imprensa sergipana os jornalistas Jaime Laudario, José O. Carvalho, Antônio Tavares, Edgar Vieira de Lima e Josias Nunes, do corpo redacional do “Correio de Propriá”, Deputados Joaquim Viegas e Pe.
Medeiros Neto, da bancada federal alagoana. Após a chegada realizaram-se as cerimônias de leitura e assinatura da ata, seguidos de vários discursos. 

Em nome do Prefeito do Município falou o nosso prezado confrade Dr. Josias Nunes.
Em seguida falou o eminente alagoano Dr. Joaquim de Barros Viégas, que foi grandemente ovacionado e, em nome da imprensa de Pernambuco e do das Alagoas, o jornalista Dr. Carlos Luiz de Andrade.

Logo depois rumavamo-nos para o local em se realizara o formidável banquete de 240 talheres, que o grande eng. E patriota, êmulo do Barão de Mauá, Dr. Camilo Collier, chefe da renomada E. C. C. C. Ltda., oferecia às autoridades, jornalistas e convidados, onde ao champagne o eng. Adhemar Benévolo, em nome do D. N. E. P., fez um brilhante discurso, perorando com as seguintes frases: “Bebo a saúde do Rio São Francisco. Elevo a minha taça em louvor de sua honra, de sua glória, de sua grandeza e de sua majestade”. Em nome do Prefeito local falou mais uma vez o nosso estimado confrade Dr. Josias Nunes.

Após, falou eloquentemente o talentoso eng. Dr. Camillo Collier, que focalizou a sua, dele, luta em prol da construção da estrada recém-inaugurada, tecendo um hino de louvor aos humildes “cassacos”, agradecendo o apoio dos governos federal, estadual, da bancada alagoana, da imprensa Nordestina, do povo da região beneficiada. Perorando, rendeu um comovente preito de homenagem ao crepe e à saudade, recordando a figura do grande e saudoso eng. patrício Gordilho de Castro, aquele que já do seu leito de morte, procurando conhecer do andamento das obras de ligação Palmeira – Colégio, deixou sair de seus lábios esta frase, sintetizando o seu amor, o seu grande amor à obra que tanto ajudou a
crescer: - “Lamento morrer e não ver concluído aquele trecho”. 
Depois falaram brilhantemente sobre o feliz e renomado evento os grandes oradores e parlamentares alagoanos, Deputados Pe. Medeiros Neto e Dr. Joaquim de Barros Viégas, os quais foram delirantemente aplaudidos.

Encerremos com o presente artigo a série que iniciamos há quase dois decênios, tendo por objetivo a ligação ferroviária entre o nordeste e o extremo sul do meu país, como n’um caloroso abraço representativo do progresso e da união entre filhos de uma mesma Pátria, até então desconhecidos ....

Ao eminente estadista Dr. Getúlio Vargas, aos generais Pedro Aurélio de Góes Monteiro e Eurico G. Dutra, o Presidente imortal, à bancada alagoana, aos Drs. Camilo, Pedro e Luiz Collier, deixamos aqui consignada a nossa eterna e imorredoura gratidão, em nome do povo, do bravo, dinâmico e bom povo Nordestino.

Colégio, Alagoas, 15 de dezembro de 1950.
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