11 de dezembro de 2011

Urubu de Baixo ou Urubumirim

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A Chesf promoveu o livreto Programa de resgate cultural de pescadores e pescadoras do Baixo São Francisco: município de Porto Real do Colégio – 

Alagoas e nele há um singelo resumo histórico contendo informações erradas e ideológicas.

No primeiro parágrafo desse resumo pode-se ler: “Esses bandeirantes e jesuítas adquiriram na região uma extensa faixa de terra a qual chamavam 'Urubu-Mirim', hoje Propriá”.

No texto citado, analisarei as expressões “(...) adquiriram uma extensa faixa de terra (...)” e “(...) Urubu-Mirim, hoje Propriá”. A primeira transfere, através do verbo adquirir, a ideia de que os bandeirantes e jesuítas compraram, ganharam ou herdaram a mencionada região. 
Quando o colonizador subjugou os silvícolas e os aldearam, o governo português em 1661 autorizou a concessão de terras oficializando a existência daquele aldeamento. Mais tarde, em 1703, publicou o Alvará Régio doando as terras daquela missão jesuítica aos índios; deixando aos missionários apenas a administração temporal. Já a extensa faixa de terra, denominada Fazenda Urubu e posteriormente Urubumirim foi uma doação de Antônio Souto de Macedo em 1675. A segunda, Urubu-Mirirm, hoje Propriá, difere da História oficial dessa cidade. Segundo a Enciclopédia dos Municípios do Estado de Sergipe, “Pedro Gomes de Abreu, [1]filho mais velho, foi morar numa região mais baixa do [2]morro. Ela se transformou numa povoação e ficou conhecida como Urubu de Baixo (...)”. Este era o nome inicial de Propriá e não Urubumirim, como sugere a informação contida nesse livreto.

No último parágrafo desse resumo histórico encontra-se outra informação descabida sobre os descendentes indígenas. Nele estar escrito: “(...) índios Kariri-xocó que vivem na Colônia Agrícola da União e na Fazenda Modelo”.

Os índios da Tribo Kariri-Xocó não vivem numa Colônia, muitos menos numa fazenda; mas nas terras dos seus ancestrais. A colônia agrícola, mencionada pelos autores do livreto, é o Centro Agrícola, criado em 1924 e extinto em 1933. Já a Fazenda Modelo foi um projeto da Codevasf criado em 1955 para substituir a Fazenda Escola. Por ser efêmero, a Codevasf resolveu desativo-lo em 1976. Depois de dois anos de desativada, os índios Kariri-xocó invadiram-na como reivindicação de suas terras tradicionais.

O livreto contém erros grosseiros e revelam desconhecimento e desinteresse por parte de quem o organizou, colhendo dados de fontes incertas gerando uma obra desleixada.

Referências
GÓES, Cristian et all. História dos Municípios: um jeito fascinante de conhecer Sergipe – Cinforme Municípios. Gráfica e Editora Globo Cochrane, 2002.
LIMA, Ronaldo Pereira de. Ás margens do rio rei. Editora e Gráfica J. Andrade, Aracaju, 2006.
NASCIMENTO, Marco Tromboni de Souza & Ramos, Luciana Maria de: Diário Oficial do Estado de Alagoas: Resumo do Relatório Circunstanciado de Reestudo e Delimitação da Terra Indígena Kariri-xocó. Maceió, 05 de fevereiro de 2002.

[1] De Pedro Abreu de Lima
[2] Refere-se ao morro urubu, doado por Cristovão de Barros a seu filho, Antônio Cardoso de Barros.
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8 de novembro de 2011

1876 ou 1880

Recente é uma bibliografia que caracteriza os aspectos históricos, geográficos e culturais da região do Baixo São Francisco, do qual faz parte a cidade de Porto Real do Colégio – Alagoas de Douglas Apratto Tenório, Cármen Lúcia Dantas, Rochana Campos e equipe.
 
Referindo-se ao município de Porto Real do Colégio, Douglas Apratto Tenório diz que a cidade foi [1] “Desmembrada do município de Penedo, foi elevada à condição de vila em 17 de julho de 1880, e a comarca em 11 de dezembro de 1952”.

Da citação exposta, somente a parte que diz (...) foi elevada à condição de vila em [2]17 de julho de 1880 (..) será objeto de minha análise, pois, a princípio, ela nos leva a crer que o município se tornou vila em 1880, indo de encontro a História oficial do município e a várias bibliografias.

A data, a que se refere o Dr. Douglas Aprato Tenório, é a da Lei nº 850 que trata dos limites territoriais da vila, quando esta deixou a condição de Distrito e se tornou Vila no dia 07 de julho de 1876 por meio da [3]Lei Provincial nº 737 e instalada no dia 18 de novembro do mesmo ano.

Diante da anterioridade, fica explícito que a afirmação desse conceituado historiador ficou solta, sugerindo uma leitura diversa daquela que estar firmada em conceituadas referências e nos símbolos oficiais deste município.
A claridade da análise, firmada no quarto parágrafo, vem em boa hora para que não se crie em torno dela dúvidas quanto a mundança de uma condição em outra daqui alguns anos.


[1]TENÓRIO, Douglas Apratto ett. all. Rio São Francisco das Alagoas – Memórias. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2011, p. 80 – Edições do Senado Federal; v. 162.
[2]Enciclopédia dos Municípios Alagoanos. Organizações Arnon de Melo. Maceió, 2006. p. 123.
[3]IBGE. Divisão Administrativa em 1911. Ministério da Agricultura e Comércio: Diretoria do Serviço de Estatística, 1913.
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6 de setembro de 2011

Edições Ronperlim

O primeiro livro que tratou dos aspectos históricos, geográficos, econômicos, culturais e políticos do município de Porto Real do Colégio foi denominado Às Margens do Rio Rei. A expressão Rio Rei foi emprestada do Dr. Abelardo Duarte quando explicou que o nome real, incluso ao da cidade, se deu porque os jesuítas chamavam o rio São Francisco de Rio Rei.
 
Publicado em 2006 pela Editora J. Andrade, Aracaju – Se, foi lançado no auditório Graciliano Ramos, anexo da escola municipal Ernani Figueiredo Magalhães.

Durante esses anos fiz uma rigorosa revisão nele: mudei o estilo adotado, exclui conteúdos e acrescentei outros, tornei a linguagem mais didática, mudei a capa e o título, passando a se chamar Porto Real do Colégio: História, Geografia, Cultura e Política.

O livro contém o conteúdo exigido no último concurso realizado pelo município em 2008, possui 48 páginas em folhas A4 e 90 no formato livro. Baixe o arquivo das primeiras 07 páginas acessando este link: Edições Ronperlim.

 Se houver interesse, entre em contato por meio deste e-mail: ronperlim@bol.com.br. O livro custa R$ 10,00 e já vem encadernado. Acompanha o livro as questões do último concurso e os gabaritos
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11 de agosto de 2011

Memória e História

Ferry-boat: 2013.
A História não se faz unicamente com registros teóricos ou com elementos físicos, mas com a memória viva de quem habita determinada região objeto de estudo.
Baseado nesse conceito, passei a analisar certas expressões que ouço desde criança. São estas: Porto dos padres; Porto da delegacia; Porto das lanchas; Porto das balsas e [1]Ferro boto (ferry-boat). Elas eram muito utilizadas por mim, por meus amigos e pela maioria da população.
Essas expressões indicavam e indicam localizações geográficas onde costumávamos nos reunir para brincar e malinar. O que não sabia era que cada uma delas é a fragmentação histórica em dois momentos: a História da Colonização e a História Contemporânea. Analisemos, então, cada uma delas:
  •  Ainda hoje se usa a expressão Porto dos padres para indicar a localização da casa paroquial, pertencente à Matriz de Nossa Senhora da Conceição situada na Praça Rosita de Goes Monteiro. A palavra padre, na expressão citada, estar no plural; dando a entender não somente uma quantidade significante, mas a presença dos Jesuítas em meados do século XVII para a colonização dos silvícolas. Lembrando que o mencionado porto fica entre a casa paroquial e a casa do falecido Antônio Januário. Sabe-se que o colégio dos jesuítas foi construído onde é a casa paroquial e a prefeitura, logo, a localização mencionada do porto é mais que justificável porque o único meio de transporte para o outro lado do rio era fluvial. Por isso a necessidade de um porto. Além disso, as pessoas tem a mania de identificar certas localidades ou até mesmo pessoas por características peculiares;
  •  O Porto das Lanchas, como o próprio nome indica, refere-se a um ponto geográfico onde se localizam as lanchas, transporte fluvial que substituiu as canoas de tolda há muito tempo. Ele fica quase em frente ao fórum estadual. Nele estar fincada uma placa contendo todo o percurso que fez D. Pedro II em 1859 do lado das Alagoas. Essa placa foi fincada em 2010 por D. Orleans de Bragança, em homenagem aos 150 anos dessa viagem que fez o imperador. Esse projeto recebeu o nome de Caminhos do Imperador, cujo objetivo não foi só refazer as localidades visitado por D. Pedro II, mas trazer projetos turísticos para toda a região do Baixo São Francisco;
  •  O Porto das Balsas existiu entre o Canoas Bar e o Beira Rio. Esse porto era largo e isso pode ser notado até hoje. Por volta dos anos 70, era utilizado para o embarque e desembarque de carretas, caminhões e outros tipos de transportes terrestres para Propriá-Sergipe. As carretas, caminhões quando vinham de Maceió e outras localidades para o sul do país, atravessavam por meio de Balsas. Viam pela Av. Ademário Vieira Dantas até esse porto e da lá partiam para seus destinos;
  •  E o Ferro Boto (Era assim pronunciado pelas pessoas), ou seja, ferry-boat. Tratava-se de uma grande embarcação apropriada para o transporte de vagões de trem. Ainda hoje existem os elementos físicos desse porto, localizado no Conjunto Tancredo Neves que passou a se chamar Av. José Falconery de Souza. Os elementos físicos encontram-se às margens do rio São Francisco.



[1] Essa era a expressão que aprendi quando criança para identificar o trajeto das linhas de trem até o ancoradouro onde os vagões eram transportados para a cidade de Propriá, em Sergipe.
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19 de junho de 2011

1º Congresso Nacional dos Municípios Brasileiros

[1]1º Congresso Brasileiro dos municípios 

Em 2 de janeiro de 1953
Certifico que o pedido do Dr. Severino de Arruda Teixeira, para lhe ser dada uma certidão quanto a sua conduta civil e moral como Secretário desta Prefeitura, tenho a declarar o seguinte: que o dito cidadão exerceu o cargo de Secretário desta Prefeitura durante o período de 3 anos e 8 meses, tendo neste tempo exercido o cargo de Prefeito durante o período de 17 dias, na gestão do Deputado Ademário Vieira Dantas, quando em sua viagem para o Rio de Janeiro onde representou o município, em 1950 no 1º Congresso Nacional dos Municípios Brasileiros, nada consta que desabone sua conduta civil e moral tanto como funcionários (sic) que lhe convier. Registre-se e publique-se.

Eulálio Alexandre Costa
Prefeito
Neuza Magalhães Souza
Escriturária



[1]BRASIL, Livro de Protocolo nº 2. Protocolo nº 1 de 2 de janeiro de 1953. Porto Real do Colégio. Secretaria Municipal de Administração – Setor de Pessoal, 1953.
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